Arcos


Os justos não perdem nada, pois entendem que o tempo é onipotente.
Por mais que sintam a alegria da criação, são eles incapazes de silenciar a contingência do ser.
Aceitam-na como um pedaço da doce vida.
O olhar e a voz dos justos se confundem com a beleza do amor juvenil.
Não lutam em vão, mas compreendem que a dor é humana.
Encantam o céu, colando grãos de areia.

Os justos não fazem ídolos de pedra ou conspiram com signatários do ódio.
Estão em toda parte encontrada no mistério.
Abdicam da solidão do poder a fim de servir.
Deixam sobre a terra a leveza.
Caminham pelas vielas escuras em busca de algo.
São como as escritas antigas e os arcos etruscos.
Os justos encantam desertos.

Edemir Fernandes Bagon







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