O dia do perdão


Foram dias esperando chegar a notícia do retorno de Santiago. Deu tempo para esquecer todas aquelas palavras que ambos disseram naquela noite. Por insistência de sua mãe, Pedro quis perdoar seu irmão. Fosse talvez mais jovem, não aceitaria refazer o destino.

O certo mesmo era que, em menos de trinta dias, Pedro haveria de partir.  A hora era incerta. O pâncreas lutava contra seu signo. O sol nascia com as dores em seu corpo. Os olhos desertavam. Ele sabia... e a mãe sentia suas mãos com serenidade.

Santiago havia telefonado em dois momentos antes de sua chegada. Dona Lurdes respondia-lhe com brandura. Tinha numa das mãos uma foto dos filhos pequenos. Colocara, na estante, outros dois retratos nos quais os meninos estavam seguros nos braços do pai.

Tão logo ela desligara o aparelho, Pedro chamou por sua presença. Encostou nela seu mistério e, por fim, olhou-a com a alegria de quem pudesse ter de volta os melhores dias da infância.



Edemir Fernandes Bagon

Comentários

Postagens mais visitadas